Pequenas Histórias

31 de dezembro de 2010

Manhãs Loucas

Já não aguentava aqueles enjoos mal me levantava da cama todas as manhãs. Eram incómodos e aparentemente não havia razão para os ter.
Dirigia-me até à cozinha, punha o café a fazer, colocava duas fatias de pão na torradeira, estrelava dois ovos, tirava a compota de morango para fora do armário e lá ia eu a correr para a casa de banho com outro enjoo.
Mais calma, regressava à cozinha, acabava de pôr a mesa para nós e ia acordar-te. Sempre tomámos o pequeno-almoço juntos desde que nos casámos.
Enquanto tiravas os pratos da mesa e arrumavas a cozinha, eu vestia-me e arranjava-me. Meia hora depois e ambos saíamos de casa para trabalhar, mas naquele dia foi diferente, levaste-me até à clínica, deixando-me à porta com um doce e ternurento beijo.
Felizmente a sala de espera estava vazia e eu fui logo a primeira a ser chamada.
Entrei e expliquei ao médico o que se sucedia. Ele preencheu a cardencial para que fosse fazer análises ao sangue que confirmassem as nossas suspeitas.
As análises foram feitas na própria clínica e não demorou muito até que o médico tivesse os resultados e voltasse a chamar-me. Ele confirmou: estava grávida.
Fiquei sem reacção, não sabia se havia de ficar feliz ou não, talvez isso se devesse à tua ausência num momento como aquele. O médico fez alguns cálculos e supôs que estivesse com 10 semanas de gestação, como tal quis fazer a primeira ecografia. Pediu-me que o seguisse até outra sala, onde fez a ecografia, a qual ficou gravada em DVD.
À saída tratei dos pagamentos e da marcação da próxima consulta.
Eram 12h45, era desnecessário dirigir-me até à galeria portanto, peguei no telemóvel e liguei-te. Disse-te para ires ter comigo àquele restaurante onde me tinhas pedido em casamento e, depois de desligar, dirigi-me para lá.
Aguardei a tua chegada um pouco impaciente, estava ansiosa por te dar a notícia.
Durante o caminho compraste-me um ramo de rosas vermelhas e, quando chegaste ao restaurante, colocaste-mas à frente. Dei-te um beijo e sentaste-te à minha frente. Aquele empregado simpático que adorava servir-nos sempre que lá íamos trouxe-nos os menus e ausentou-se. Enquanto escolhíamos o que almoçar, eu disse-te que já sabia o que se passava.
Colocaste o menu de lado e chamaste o empregado. Pedimos lombinhos de bacalhau gratinados, acompanhados de batatas assadas e regadas com um fio de azeite e com aquele molho de chocolate belga especial. Voltou a ausentar-se.
Mostraste-te curioso e preocupado em simultâneo, querias saber o que o médico tinha dito.
Comecei por dizer que tinha feito análises e que, segundo o médico, estava grávida de 10 semanas. Esperei uma reacção tua, mas só te vi pestanejar como se ainda estivesses a assimilar a informação que te dei. Continuei a dizer-te tudo o que o médico dissera e, quando terminei, apenas te observei.
Por momentos pensei que fosses reagir mal à notícia, mas surpreendi-me ao ver-te sorrir de repente e levantares-te num salto gritando para todo o restaurante que ias ser pai. Fiquei envergonhada com isso, mas também não conseguia esconder o riso que me havias provocado com aquela reacção.
Mais tarde acabámos por pedir à gerência do restaurante uma cópia do vídeo de segurança onde aparecias tu com o teu grande salto. E foram muitas as vezes que nos sentámos os dois no sofá, bem agarradinhos, a ver o vídeo e a rir.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ésta lindo como os outros todos!!


Tens bué geitoo!!






carolinaFerreira <3